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‘Cidade proibida’ traz Vladimir Brichta na pele de um detetive especializado em casos extraconjugais

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SÃO PAULO – Caracterizada por heróis cínicos, contrastes de luz, flashbacks, tramas complexas e um questionamento pretensamente existencial, a estética noir floresceu principalmente no cinema americano dos anos 1940, com clássicos como “O falcão maltês” (1941) e “Laura” (1944). A série “Cidade proibida”, que estreia hoje, às 22h30m, na TV Globo (os dois primeiros capítulos estão disponíveis no GloboPlay), se apropria desses elementos e os adapta para a realidade tropical do Rio nos anos 1950, quando a cidade ainda era a capital federal. No centro de tudo, um detetive especializado em casos extraconjugais, um delegado corrupto, um jovem conquistador barato e uma linda garota de programa.

— Para que não se tornasse uma paródia do noir americano, uma solução seria ter um olhar moderno sobre o gênero — explica Maurício Farias, diretor-geral da série. — As produções americanas eram todas feitas em estúdio, com poucos atores, tudo muito concentrado. A gente procurou ir pra outro lugar. Então, temos mais cenas externas, procuramos fazer uma câmera mais moderna. Há uma influência do estilo, mas revisitado, de outra maneira. Há um pouco de estúdio e nada de cidade cenográfica. Foi um trabalho gigante para a cenografia e o figurino.

Livremente inspirada no álbum de quadrinhos “O corno que sabia demais e outras aventuras de Zózimo Barbosa”, com textos de Wander Antunes e desenhos de Gustavo Machado, a série acompanha, a cada capítulo, um caso diferente do detetive Zózimo (Vladimir Brichta). O delegado Paranhos (Ailton Graça), o gigolô Bonitão (José Loreto) e a prostituta Marli (Regiane Alves) fazem parte do círculo de colaboradores do ex-policial que se dedica a desvendar histórias sórdidas de traição e falsidade, gravitando entre o mundo glamouroso da elite e o submundo da época.

— “Cidade proibida” foi concebida, há dez anos, como um quadro do “Fantástico” — explica Mauro Wilson, criador e redator final do programa. — Mas era muito caro para os padrões da época, e as séries ainda não tinham essa popularidade de hoje. Quando o Guel Arraes assumiu o núcleo de séries, ele logo se lembrou desse projeto. A gente retrabalhou tudo, criou a Marli, que não existia nos quadrinhos, e inventou um passado de policial para o Zózimo, em que ele trabalhou com o Paranhos. O que mais aproveitamos dos quadrinhos foi o tom meio amoral dos personagens, esse código ético entre eles que é maior do que tudo.

Brichta, que está em cartaz nos cinemas com “Bingo: O rei das manhãs”, escolhido para representar o Brasil na disputa por uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro, não faz segredo para ninguém de que Zózimo foi um dos personagens mais difíceis que já encarou. Além da caracterização, com terno de giz, bigode fino e óculos, o ator fez uma longa pesquisa sobre a época:— Assisti a muitos filmes, mas principalmente a “Los Angeles — Cidade proibida”, que tem elementos muito parecidos — conta o ator, que deve fazer um intervalo nas gravações no início de novembro, antes de voltar para completar a segunda temporada da série. — Quando se tem um espelho, fica tudo mais fácil, mas para começar do zero é tudo mais difícil. O Zózimo tem elementos dramáticos, mas também de humor, combinando ironia e sarcasmo. E o desafio foi fazer isso sem ficar caricato.

Outros atores passaram pelo mesmo. Para compor Marli, Regiane Alves conversou com uma prostituta que circulou pelo Rio no período em que são ambientados os episódios. Hoje com 74 anos, ela contou à atriz que as mulheres que faziam programas não iam para as ruas, ficavam nos bordéis, onde muitas autoridades e políticos se reuniam.

— Foi um aprendizado conversar com essa mulher — diz Regiane. — Ninguém sabia o que ela fazia. Era uma atividade muito discreta, e assim ela criou as filhas, que tratava com rédea curta em casa. Era algo com muito glamour, muita sofisticação. E essas mulheres tinham que ser educadas, não podiam ser vulgares ou dar muita bandeira.

Fonte: https://oglobo.globo.com/cultura/revista-da-tv/cidade-proibida-traz-vladimir-brichta-na-pele-de-um-detetive-especializado-em-casos-extraconjugais-21869925

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