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Diretor de ‘Real Beleza’ conta como aborda o tema e diz que a entrega de Adriana Esteves é comparável à de Fernanda Montenegro

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O que faz algo ou alguém ser bonito? Foi a partir dessa pergunta que Jorge Furtado concebeu o delicado Real Beleza, em que João, um fotógrafo, perde a sensibilidade para a beleza e parte em busca de uma jovem candidata a modelo que o impressione. Na jornada, encontra Maria, uma linda adolescente, mas muda a sua maneira de enxergar a beleza ao conhecer sua mãe, Anita.

Assista ao trailer de “Real Beleza

“Ele descobre diversos tipos de beleza física. E descobre também a beleza do gesto, da palavra e da memória, entre outras”, explica o diretor, que tem em seu currículo sucessos como Meu Tio Matou um Cara, O Homem que Copiava e o premiado documentário “Ilha das Flores”, além dos roteiros de Lisbela e o Prisioneiro e Boa Sorte. Nesta entrevista, Furtado (na foto abaixo com Vladimir Brichta) conta como foi difícil escolher a jovem Vitória Strada (foto acima) entre centenas de beldades para interpretar Maria e diz que a entrega de Adriana Esteves ao interpretar é semelhante à de Fernanda Montenegro.

O que te levou a querer fazer um filme sobre a beleza? Ele trata apenas da beleza física?
O filme fala dos vários tipos de beleza. A ideia foi investigá-la. O que nos faz achar algumas coisas bonitas e outras não? Esses motivos são muito subjetivos, mudam de acordo com a época e o lugar, por exemplo. Por outro lado, é muito fácil reconhecer a beleza. Terminei o meu filme anterior, “Saneamento Básico”, com uma frase de Dostoiévski (sobre a imagem de Camila Pitanga nua) que diz: “A beleza salvará o mundo”. É a ideia de que a beleza nos une, comove todos nós.

E como surgiu a trama de “Real Beleza”?
Depois de ler uma matéria sobre um fotógrafo que buscava potenciais modelos no Rio Grande do Sul, comecei a escrever a história do João, personagem do Vladimir Brichta. É um cara que está “empanturrado” de beleza. Trabalhei com publicidade e vi isso acontecer. Por ver mulheres lindas o tempo todo, passa a ter dificuldade de reconhecer a beleza. Então, esse personagem parte em uma jornada em busca de uma mulher excepcionalmente bela. Nesta procura, descobre diversos tipos de beleza física, para além do padrão da moda. E descobre também a beleza do gesto, da palavra e da memória, entre outras.

Era importante para você que o elenco fosse bonito. Por quê?
Esse fotógrafo procura uma jovem excepcionalmente bonita (Vitória Strada) e se apaixona pela mãe dela (Adriana Esteves), que é bonita pela atitude diante da vida. Ela, por sua vez, se interessa por ele quase que à primeira vista e é casada com um homem muito mais velho (Francisco Cuoco). Então, os dois precisavam ser razoavelmente bonitos, cada um com o seu tipo de beleza.

Como surgiu a ideia de promover essa busca por uma bela jovem através de um processo com centenas de candidatas de diversas cidades?
Poderíamos ter procurado meninas em agências de modelos, mas eu queria documentar o processo de seleção, que faz parte do filme. Isso também permitiu mostrar vários tipos de beleza. Tem uma cena do filme em que alguém questiona como o João ainda não havia encontrado uma jovem bonita entre tantas que já havia visto. E ele responde: “Bonitas, todas eram”. E eram mesmo. Cada uma do seu jeito, mas nenhuma tinha a beleza específica e excepcional que ele procurava, fora do padrão. Então, eu também precisava de meninas bonitas que fugissem ao padrão das agências. Meninas baixinhas, por exemplo, que estão fora do padrão da moda.

Você falou do enfado do João diante de tanta beleza. Como foi para você esse processo? Para muitos, soa como o paraíso…
É incrível mesmo (risos). Chega um momento em que você já não sabe mais que critério usar. Foram quase 400 meninas inscritas. Selecionamos 40 para fotografar com mais cuidado. Escolhi dez delas e aí ficou muito difícil dizer que uma era mais bonita. Uma era loira, outra morena, cada uma tinha um tipo de beleza. Mas todas eram muito bonitas. Então, o critério passou a ser a interpretação e alguma semelhança com a Adriana Esteves e o Francisco Cuoco, que interpretam os pais da personagem. A Vitória acabou se destacando muito. Foi muito interessante e ao mesmo tempo angustiante para mim, por só poder escolher uma. Acabei chamando duas outras meninas para fazer “Doce de Mãe” comigo. É bom conviver com a beleza.

Você diz que a Vitória é dona de uma beleza rara. O que há de raro na beleza dela?
É muito difícil de definir e muito fácil de perceber (risos). Ela é alta, tem um corpo muito bonito, o rosto, o sorriso, os olhos, o cabelo, a pele, tudo lindo. É um conjunto que a torna muito marcante. Eu estava olhando as fotos das dez selecionadas em uma mesa lá de casa quando entraram colegas adolescentes da minha filha. Os três garotos apontaram para a Vitória (risos) dizendo que era linda. Acabaram me ajudando a decidir. Agora, já no processo de divulgação do filme, muita gente comenta. Alguns dizem que há muito tempo não viam uma mulher tão bonita. Quando vamos a um festival e ela se arruma, todos perguntam: “Quem é essa mulher?” (risos). Não por acaso, ficou conhecida como sósia da Catherine Zeta-Jones há uns anos.

Você queria trabalhar com o casal Adriana Esteves e Vladimir Brichta. Por quê?
Queria trabalhar com o Vladimir há algum tempo. Já havia trabalhado com o Wagner Moura, o Lázaro Ramos e o Bruno Garcia, que formavam junto com ele uma espécie de quarteto. É um ator muito completo. A Adriana (na foto do beijo) é uma atriz espetacular. Além de ser muito querida, uma pessoa ótima de trabalhar, é muito intensa, excelente para fazer um papel dramático. Queria muito trabalhar com ela. Fiz recentemente a série “Doce de Mãe”, com a Fernanda Montenegro, e reconheço uma afinidade grande entre as duas. Elas vêm da mesma “enfermaria” (risos). Têm o mesmo tipo de relação com o trabalho. Elas se envolvem profundamente com aquilo e mergulham no personagem de uma maneira impressionante. Na época em que filmamos, ela ainda estava se livrando da Carminha, que tinha interpretado em “Avenida Brasil”. Já com o Cuoco eu tinha trabalhado. Precisava de um senhor sedutor. Além de toda a história e bagagem que carrega, ele tem uma voz incrível, o que era importante já que o personagem lê textos e poemas no filme.

Fonte: http://globofilmes.globo.com/noticia-1141-jorge-furtado.htm

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