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Vladimir Brichta de bem com a vida

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Na série ‘Cidade Proibida’, exibida às terças-feiras, após ‘A Força do Querer’, na Globo, Vladimir Brichta surge na pele do detetive Zózimo Barbosa. Envolvido em um clima de traição, paixão, ciúme e suspense, o personagem investiga crimes ao lado de Marli (Regiane Alves), Paranhos (Ailton Graça) e Bonitão (José Loreto). E se envolve com mulheres sedutoras, arriscando, muitas vezes, a própria vida.
Na entrevista a seguir, o ator de 41 anos fala a respeito do convite do diretor Maurício Farias para protagonizar a produção e se contrataria um detetive particular para vigiar a esposa, a atriz Adriana Esteves. Além disso, Vladimir comenta sobre a possibilidade das séries tomarem o lugar das novelas e do sucesso do filme ‘Bingo: O Rei das Manhãs’, que foi inspirado na história de Arlindo Barreto, conhecido por interpretar o palhaço Bozo.

AE – Como chegou o convite para interpretar o Zózimo Barbosa?
VLADIMIR BRICHTA – O Maurício (Farias) falou comigo desse projeto no segundo ano de ‘Tapas e Beijos’ (2011 a 2015). Em 2012, ele me deu o quadrinho do Wander Antunes e disse para dar uma lida porque ia virar um projeto algum dia e que ele tinha pensando em mim. Quando li, entendi que era um detetive particular, que agia de uma forma sarcástica, irônica, debochada, quente e me interessou. Passou muito tempo, a gente fez cinco anos de ‘Tapas e Beijos’, e então o Maurício falou que ia sair mesmo e me perguntou se eu estava a fim. Confirmei, claro!

AE – O que te chamou a atenção no personagem?
VLADIMIR – Zózimo é um cara meio amoral. Ele tem os princípios dele, mas, eventualmente, se permite subverter isso. É um homem solitário, sem grandes objetivos. Não quer ficar muito rico para comprar um barco e atravessar o oceano. Também não pensa no casamento. Ele vive o instante, o ali e o agora. É um ex-policial que vira detetive e acha que a vida dele pode acabar a qualquer momento. Acho que ele tenta ser um cara frio e reservado, mas, a cada mulher que aparece e pede ajuda, ele a acha linda e meio que se derrete. O personagem não deixa muito claro, mas a narração ajuda a contar que esse cara está encantado por aquelas mulheres e pensa que elas não merecem estar sendo traídas.

AE – Você contrataria um detetive particular?
VLADIMIR – Olha, eu ia dizer que não contrataria, mas é mentira. É claro que contrataria, mas não faço ideia por qual motivo. Certamente, sobre a minha vida privada, conjugal, jamais apelaria para um detetive particular. Jamais mesmo! Quando você desconfia e contrata alguém é porque já dançou a confiança e aí danou-se. Mas tem um detetive particular da época, chamado Bechara (Jalkh), que deu um seminário pra gente com o método que ele trabalha hoje em dia. Ele contou muitas histórias de crime e falou que as pessoas contratam muito menos por questões conjugais e mais por causas trabalhistas, como, por exemplo, funcionário que está dando desfalque na empresa… Se eu contratasse alguém, seria por isso. Agora, seguir alguém na rua, os meus filhos ou a minha mulher, Deus me livre! Eu não sei onde a Adriana (Esteves) está e nem quero saber, a não ser que ela me diga. Já tem as redes sociais que estão fazendo isso. Você fica controlando a pessoa. Hoje em dia todo mundo é um pouco Zózimo Barbosa.

AE – Você acha que as séries algum dia vão tomar o lugar das novelas?
VLADIMIR – Tomar o lugar da novela não vai acontecer. A novela é o que consegue produzir dramaturgia de alta qualidade e manter isso diariamente no ar, o que é fantástico. A qualidade do que estamos produzindo aqui é porque a gente é influenciado pelas séries americanas. Mas, se alguém quiser fazer a melhor novela do mundo, tem que copiar da gente. Por isso, não vai perder o lugar, mas a série está ganhando mais terreno também. Começa a ganhar porque o público passa a se interessar mais. É natural que esse espaço comece a ser ocupado

AE – Qual foi a maior dificuldade de fazer o Zózimo em ‘Cidade Proibida’?
VLADIMIR – É o meu primeiro trabalho com essa linguagem noir. Quando comecei a fazer série no Brasil, se produzia basicamente humor. Com o passar do tempo, começaram as minisséries com um outro tipo de linguagem. ‘Cidade Proibida’ vem com o gênero noir do nosso jeito; ela tem características do drama, mas possui um estilo um pouco mais pomposo. Tem humor em algum lugar na base do sarcasmo e da ironia. Foi um dos trabalhos mais difíceis que fiz na vida. Sempre me preocupo com o tom do personagem. Descobrir isso é dificílimo, pois não tem nenhum correlato de algo que tenha sido feito aqui, em língua portuguesa. A gente tem só produtos parecidos, como ‘A Vida Como Ela É’ (1996), do Nelson Rodrigues, que o Daniel Filho fez pra Globo

AE – Além da série, você está no cinema com ‘Bingo: O Rei das Manhãs’. Por que o filme tem ganhado a empatia das pessoas?
VLADIMIR – São os altos e baixos de um ator que, em um dado momento, vira apresentador de um programa infantil. Ele almeja sucesso, reconhecimento, fama e não consegue, pois o sucesso é do personagem. O reconhecimento que tem do patrão não é suficiente. É uma angústia que o ator tem, mas que qualquer um poderia ter. Isso causa empatia. Também tem outros elementos, como o palhaço que é tão alegre, mas, ao mesmo tempo, é muito triste e depressivo. É o caso do Robin Williams, do Jim Carrey… São caras que a gente vê que têm altos e baixos, mas isso é algo humano. Acho que isso mobiliza todo mundo. A segunda coisa que interessa é que esse personagem quer o reconhecimento. Todo mundo, em algum momento, se deu bem numa prova e foi mostrar ao pai, para ele dar parabéns. A gente precisa desse reconhecimento desde quando se reconhece como gente.

 

Fonte: http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=508325

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